“O que se espera de um pai de bebê?”, eu me perguntava nos primeiros dias.

Preparamos a Olívia, nossa primeira filha, para um passeio, a sua primeira ida para conhecer a praia; antes de sair de casa, foi aquela logística detalhada que todo pai de primeira viagem conhece, mesmo com a praia sendo logo ali, há dois quarteirões de casa. Naquele percurso previsível, a expectativa era de novidades e de registrar esses primeiros momentos dela fora de casa, após três meses, agora que o seu pacote de imunidade de vacinas havia sido atualizado com sucesso.
– “Ah, que saudade de quando eu tinha essa idade”, disse um morador de rua deitado e despreocupado. Enquanto continuávamos caminhando, eu concordava e respondia a ele com um sorriso social automático que todo pai passa a dar quando alguém interage com a sua criança; pensei com os meus “divertidamentes”: “o senhor me parece estar revivendo essa saudosa fase da vida novamente, não é?”.
Como se já não fosse suficiente, eis que uma nova voz exclama: – “A mãe carrega na barriga, o pai carrega no colo”. UAU! Parei no tempo. Olhei para ele. Olhei para baixo e lá estava ela, Olívia, no meu colo, com aquele chapéuzinho azul meio torto, confiando completamente em mim. Enquanto a frase ecoava no ar, o tempo corria em câmera lenta e, sem palavras, nós continuávamos nosso trajeto. Como um sábio poeta, ou a própria voz de Deus, aquele homem respondeu à minha pergunta em poucas palavras.
Nós, homens, não temos ideia do que é carregar uma criança na barriga. Além de um privilégio que somente as mulheres podem ter, carregar um filho na barriga custa para elas dores nas costas, enjoos, desgastes e mudanças físicas, emocionais e hormonais para gerar outro ser humano; e, quando nasce, o misterioso puerpério – uma montanha russa existencial – nasce também.
Nessas 90 semanas, ou seja, um ano e nove meses, tenho me esforçado e aprendido, mesmo com muitas falhas, que carregar no colo é mais do que servir ao bebê; é servir à mãe. Buscando gerar um ambiente agradável e livre de preocupações ao redor dela – sendo o colo para a criança enquanto a mãe desfruta de algumas poucas horas de sono; dando umas voltas no quarteirão enquanto a mãe toma um banho demorado; deixando a casa, na medida do possível, organizada e limpa; preparando ou comprando uma comida gostosa; e, quando ela vai crescendo, carregando a criança “para cima e para baixo” para que ela, a mãe, tenha sua agenda mais flexível e aberta para seus momentos a sós, com as amigas, para uma série de TV, para ir à igreja, para com Deus…
“Se você não tem peito para dar, dê força.” (Família: lugar de refúgio ou campo de batalha? p. 120]
Aos poucos, o carregar vai se tornando parte essencial do pai. Um momento de alegria e de qualidade, mesmo que muitas vezes rápido na correria do dia-a-dia, com aquele pequeno grande amor.
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